segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Projeto 'Praia para Todos'



Carolina Lauriano
Do G1, no Rio (24/01/2010)

Deficientes ganham esteira de acesso à praia e cadeira flutuante para o mar
Projeto 'Praia para Todos' começou na Barra e vai ser itinerante.
Iniciativa é da ONG Espaço Novo Ser e funciona aos domingos, no Rio.

A praia é conhecida pelos cariocas como o local mais democrático da cidade. Mas até hoje os deficientes físicos, principalmente os cadeirantes, não tinham acesso facilitado à areia nem ao mar. Neste domingo (24) foi dado o primeiro passo para essa inclusão social: o projeto “Praia para todos”, pioneiro no Brasil, foi lançado no Posto 3 da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, com diversas atividades adaptadas.

A principal transformação – uma iniciativa da ONG Espaço Novo Ser, com apoio da subprefeitura da Barra e de patrocinadores - é uma esteira especial, de 30 metros, feita de fibra de plástico, que vai do calçadão às tendas na areia, o que permite a passagem da cadeira de rodas. Além disso, a chamada “cadeira anfíbia” leva o deficiente ao mar e ainda flutua na água. Nas duas tendas montadas, trabalham cerca de 30 profissionais, entre professores de educação física, fisioterapeutas, estagiários e voluntários. O Praia para Todos funciona somente aos domingos, das 9h às 14h.

O idealizador do projeto é o biólogo Ricardo Gonzalez Rocha Souza, que é cadeirante. Ele sofreu um acidente de carro em 1997 e contou que desde então busca novidades em acessibilidade no mundo. “Eu frequentava exatamente essa praia, pegava onda aqui. Depois do acidente, eu vinha à praia, mas só no calçadão. A praia adaptada é um sonho virando realidade”, disse.

Infraestrutura

Prancha de surfe adaptada pelo surfista Rico de Souza, mais vagas de estacionamento reservadas, rampas de acesso nas vias, sinalização sonora e até piso tátil para os deficientes visuais fazem parte da infraestrutura montada pelo projeto. Quando chegam à tenda, os deficientes têm disponíveis atividades como surfe, vôlei sentado, frescobol, peteca e o banho de piscina assistido, planejado para as crianças.


“O cara chega aqui, tem a cadeira anfíbia. Cansou, vai jogar vôlei; enjoou, vai surfar, vai jogar frescobol, o cara tem diversão toda hora”, destacou o cadeirante Fábio Fernandes, um dos organizadores do Praia para Todos e estudante de Direito. Em 1999, aos 23 anos, voltando de um show de uma banda a qual ele era o produtor, Fábio bateu de carro e ficou paraplégico.


“Antes a gente só descia do calçadão se fosse no colo. Hoje podemos falar que a praia é realmente para todos. Isso aqui vai se tornar um remédio para essas pessoas. Remédio para a depressão, para tudo”, exaltou ele, que tomou banho de mar e também pegou onda com a prancha adaptada.

O pequeno João Pedro, de 2 anos e 10 meses, tem uma doença rara, a leucodistrofia, que afeta o sistema nervoso central. A mãe dele, a dona-de-casa Nínive Oliveira Ferreira, contou que veio de Realengo e agora pode aproveitar a praia tranquila. João Pedro não queria sair da piscina, onde ficou com uma profissional.


“Para quem vive o problema, a gente sabe o tamanho da importância desse projeto. Antes eu só vinha do calçadão pra cima, eu não tinha como levar ele no mar ou na areia. É um projeto brilhante, espero que tenham outras iniciativas, porque o acesso é muito pouco”, disse.

Objetivo é ter posto fixo

O subprefeito da Barra da Tijuca, Tiago Mohamed, afirmou que está aberto a fazer as mesmas mudanças no Recreio. “O que a gente fez aqui é pouco perto do benefício que isso traz para eles. Os deficientes sempre estiveram excluídos desse espaço”, declarou ele.

O projeto é itinerante. Na Barra, vai ficar até o dia 28 de março. Depois, segue para Copacabana, na Zona Sul, e fica até o dia 25 de abril. Em seguida vai para a praia de Ipanema, do dia 2 ao dia 16 de maio. Por fim, o “Praia para Todos” vai para o Piscinão de Ramos, no subúrbio do Rio, do dia 23 ao dia 3 de maio.

A intenção dos organizadores é entregar um relatório de toda a estrutura para a Prefeitura do Rio, com o objetivo de que seja montado pelo menos um posto adaptado em cada praia da cidade e que ele seja fixo.

Fotos de Carolina Laureano
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1460975-5606,00-DEFICIENTES+GANHAM+ESTEIRA+DE+ACESSO+A+PRAIA+E+CADEIRA+FLUTUANTE+PARA+O+MAR.html

Carnaval 2010

(Ingressos para o Carnaval - Frisa do Setor 13 do Sambódromo)

Desde o ano passado o critério de inscrição para o carnaval (frisa do Setor 13 do Sambódromo) mudou.

As vagas são distribuídas entre as áreas de deficiência e a inscrição será feita direto no Comdef-Rio - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Período de inscrição: de 30 de janeiro (sábado) à 03 de fevereiro ou até o término das vagas

Horário: 10:00 às 15:00 h.

Local: CIAD - Av. Presidente Vargas, 1.997 - Cidade Nova - Rio de Janeiro / RJ

Documentos Necessários: comprovante de deficiência e identidade

Observações:

1) Não é necessário a presença da pessoa com deficiência, qualquer pessoa poderá fazer a inscrição desde que leve um comprovante da deficiência e a identidade da pessoa que será inscrita.

2) Cada pessoa só pode fazer a inscrição de 01 (uma) pessoa.

3) Cada pessoa com deficiência só terá direito a 01 (um) acompanhante, exceto nos casos de comprometimento severo.

4) Crianças só poderão entrar com convite, ou seja, como acompanhante.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mergulho Autônomo

Curso: Capacitação Profissional em Mergulho Autônomo Recreativo Adaptado para Pessoas com Deficiência - ITC (Handicapped Scuba Association - HSA).

Período: 8 a 13 de fevereiro de 2010.

Local: Fortaleza de São João-Círculo Militar - Rio de Janeiro/RJ.

Organização: Major Luiz Claudio.

Professora-Instrutora: Lucia Sodré.

Contatos e Maiores Informações:

Major Luiz Claudio:
Tel. Celular: 21-96427529 - 21-92418459. Tel. Convencional: 221-5862218.
Email: maraheclaudio@yahoo.com.br

Lucia Sodré:
Email: luciasodre@gmail.com
Tel.: 21-93149303.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Empresa de ônibus é condenada por obrigar deficiente visual a pagar passagem

Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
Notícia publicada em 14/01/2010 14:07

A 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio condenou a Viação Pendotiba a pagar R$ 5 mil de indenização, por danos morais, à advogada Ana Cláudia Ribeiro, que
é deficiente visual, depois de obrigá-la a pagar passagem em um de seus coletivos. O colegiado decidiu negar o recurso da empresa e manteve a sentença dada em 1ª
instância.

Em contestação, o réu alegou que não houve qualquer violação no episódio, já que Ana Cláudia teria apresentado ao motorista somente um protocolo e não o passe livre
propriamente dito. Porém, o argumento não convenceu o revisor da ação, desembargador José Geraldo Antônio, que se baseou na Lei Estadual 4.510, de 2005, ao escrever
o acórdão.

"A Lei nº 4.510/2005, no seu artigo 4º, regulamentou o artigo 14 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, assegurando a isenção da tarifa dos serviços públicos
de transporte rodoviário intermunicipal aos deficientes físicos. A autora comprovou nos autos que é deficiente visual e necessita de acompanhamento nas consultas
que periodicamente faz no Instituto Benjamim Constant", afirmou.

O magistrado esclareceu ainda que o simples fato de ser deficiente visual já garantiria à autora da ação a gratuidade no transporte público, independente da apresentação
de qualquer tipo de documento.

"Como salientado na sentença, o protocolo não constitui direito estabelecido na Constituição Estadual, posto que decorre ele da deficiência de que é portador o usuário,
e por se tratar de pessoa cega, sua comprovação independe de qualquer documento. Foi claro o constrangimento a ensejar reparação moral", finalizou.

Processo nº 2009.001.41138

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ADVERJ NEWS IV

ADVERJ NEWS IV


ANTEPROJETO DE LEI DE REGULAMENTAÇÃO DA CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


Grupo de entidades de pessoas com deficiência dá continuidade ao trabalho de elaboração de anteprojeto de lei que visa a regulamentar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A última reunião ocorreu no dia 05 de dezembro de 2009 no SESC Vila Mariana em São Paulo.

Luís Claudio Freitas e Cinthya Perreira participaram da reunião representando a ADVERJ. Foram debatidos o conceito de pessoa com deficiência, criminalização de condutas, mulher com deficiência dentre outros temas. Acordou-se que serão abordados temas em que haja consenso no segmento para viabilizar politicamente a empreitada.

Nova reunião foi agendada para 16 de janeiro de 2010 no mesmo local.



ADVERJ É HOMENAGEADA NA INAUGURAÇÃO DO BANCO DE ALIMENTOS DA SUBSECRETARIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRIÇÃO DE NITERÓI

No dia 11 de dezembro de 2009, foi inaugurado o Banco de Alimentos da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutrição de Niterói. Tal banco se destina à captação, armazenamento e distribuição de alimentos para pessoas que se encontrem em quadro de risco alimentar. Segundo Eliana Virgílio, Subsecretária da pasta, cerca de onze por cento da população de Niterói encontra-se em tal situação e é considerada a cidade com menor índice do Estado.

No local, há um grande frigorífico que mantém a conservação dos alimentos não perecíveis.

Os Supermercados Prezunic e a Danone firmaram convênio com a Subsecretaria para fornecer hortifrutigranjeiros e iogurtes respectivamente.

A ADVERJ foi homenageada na citada inauguração por ter contribuído com grande quantidade de alimentos para o banco contemplando significativo número de pessoas com deficiência de Niterói através da Diretora Cinthya Pereira.

A Diretora da ADVERJ, em sua fala destaca que “a parceria entre a ADVERJ e a Subsecretaria se dá tanto na garantia da segurança alimentar quanto na conscientização da capacidade das pessoas com deficiência de saírem do grupo de risco alimentar”.

ADVERJ REALIZA GRANDE DISTRIBUIÇÃO DE CESTAS BÁSICAS

No dia 18 de dezembro, a ADVERJ distribuiu 106 cestas básicas para seus associados no Terminal Rodoviário João Goulart em Niterói. Cada cesta continha 12 quilos de alimentos não perecíveis. Tal ato decorreu de parceria da ADVERJ com a Rádio Globo, Supermercados Mundial e com a Subsecretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutrição de Niterói.

Estiveram presentes ao ato de doação o Presidente da ADVERJ, Luís Claudio Freitas e a Diretora Cinthya Pereira, além de Eliana Virgílio, Subsecretária de Segurança Alimentar de Niterói e dos demais voluntários que trabalharam no evento. A imprensa cobriu esta importante iniciativa através do Jornal A Tribuna e da TV Record.

Luís Claudio Freitas afirma que "A ADVERJ luta pela defesa dos direitos das pessoas com deficiência visual, mas não abandonará as pessoas carentes que necessitam de um atendimento célere e imediato, pois quem tem fome tem pressa já dizia Betinho".

Cinthya Pereira destaca "o fato de ter atendido a pessoas de várias localidades tais como Duque de Caxias, São João de Meriti, Campo Grande, Realengo, Seropédica, Niterói, São Gonçalo, Quissamã, dentre outras".

Por fim Freitas garante que "estamos negociando uma doação expressiva para entidades de pessoas com deficiência visual do Rio de Janeiro que abrigam ou prestam serviços a este segmento".




ADVERJ PARTICIPA DE FESTA DE FIM DE ANO DO SODALÍCIO


No dia 19 de dezembro, Luís Claudio Freitas e Cinthya Pereira estiveram presentes na festa de fim de ano do Sodalício, entidade que abriga cerca de quarenta meninas e mulheres com deficiência visual na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.

O evento contou com a celebração de Missa e ceia de Natal com a apresentação do coral da instituição.

A ADVERJ ressalta a importância do estreitamento de laços com as entidades de e para pessoas com deficiência visual no Estado do Rio de Janeiro.


CARNAVAL 2010

A Escola de Samba Embaixadores da Alegria este ano abrirá o desfile das
campeãs no sábado dia 20 de fevereiro.

A ADVERJ irá compor uma das Alas de pessoas com deficiência com 30
componentes e conta com sua presença neste dia com muita empolgação e
alegria, em parceria com o grupo Anjos sem Visão.
O referido grupo de trinta pessoas é formado por pessoas com deficiência
visual.

O cadastro será feito dia 10 de janeiro na Rua do Catete, 326, às
14:00, com reserva da fantasia que será patrocinada pela Volkswagen,
assim como o primeiro carro alegórico adaptado para pessoas com
deficiência. Neste dia haverá uma festa de confraternização, por isso os
organizadores do evento pedem que as pessoas vão de roupa branca.

A escolha do samba será coroada com uma festa muito animada em uma
deliciosa feijoada dia 16 de janeiro no Clube Israelita Brasileiro,
localizado à Rua Barata Ribeiro, 489, Copacabana, das 12:00 às 17:00.
Almoço por adesão: valor R$ 10,00

Pedimos a ajuda de todos na divulgação da disponibilidade destas vagas
pela ADVERJ e contamos com sua presença.

Os interessados devem comparecer no dia 10, domingo próximo
impreterivelmente, pois não haverá outra data para o cadastro e reserva
da fantasia.

Por favor, enviem nome, telefone e e-mail para: cp0575@yahoo.com.br até o dia 9 de janeiro. Lembrem-se que o número de vagas é limitado
e obedeceremos a ordem de recebimento dos e-mails. Não percam.

OBS.: Será cobrada uma taxa de R$ 10,00 pelo Grupo Anjos sem Visão,
referente à participação no evento do dia 10.
Estará também à venda, o cd com o samba enredo de autoria de Valdyr
Lopes que concorre este ano com outro autor não deficiente.
Valor do cd: R$10,00 (opcional)




MENSAGEM DE FIM DE ANO

Mais um ano se finda e novas expectativas se abrem para o ano vindouro.

Com a ajuda de Deus, dos amigos, dos colaboradores e em especial dos associados e dos parceiros institucionais caminhamos bastante neste ano de 2009 e consolidamos um trabalho importante que já vem sendo desenvolvido desde a gestão que se iniciou em 2007.

Após a conquista de nossa sede em outubro de 2008, conseguimos estruturá-la com equipamentos de informática acessíveis, mobiliário adequado e colaboradores qualificados para a gestão da associação.

Trabalhamos com foco na pessoa com deficiência visual lutando arduamente pelo exercício de seus direitos, prestamos orientação jurídica e psicológica, oferecemos cursos de informática e dança de salão dentre outros. Integramos bancas multidisciplinares de concursos públicos, emitimos pareceres em projetos de lei, manifestamo-nos sobre a formulação de políticas públicas, participamos de seminários e eventos relacionados às pessoas com deficiência, representamos a Bengala Branca no Rio de Janeiro, empresa reconhecida nacional e internacionalmente, disponibilizando produtos que propiciam autonomia e independência às pessoas com deficiência visual. Integramos a Organização Nacional dos Cegos do Brasil – ONCB, entidade nacional de representação do segmento, contribuindo para o seu fortalecimento institucional tomando parte em várias comissões temáticas.

Estes são alguns de nossos trabalhos realizados, mas temos a certeza de que há muito ainda a se fazer no ano que se anuncia.


Agradecemos e conclamamos a todos e a todas para que participem da vida associativa.

Desejamos um ano novo repleto de alegrias e realizações e que vivam um sonho bem sonhado.

Ano 1 Edição nº 4 dezembro 2009

Edição: Cinthya Pereira e Luís Claudio Freitas

Tecnologia faz o que o cão-guia não pode fazer

Uma visão do Futuro da tecnologia por Raman um engenheiro cego do Google | IP Jornal


IP Jornal
O jornal de Informática
do Grupo Inforpáscoa

Uma visão do Futuro da tecnologia por Raman um engenheiro cego do Google



tecnologia faz o que o cão-guia não pode fazer


The New York Times
MOUNTAIN VIEW, Califórnia

T. V. Raman era uma criança que gostava de livros e adorava matemática e
quebra-cabeças desde muito cedo.
Essa paixão não mudou depois de ter ficado cego por causa de um glaucoma aos 14
anos. O que mudou foi o papel que a tecnologia - e suas próprias inovações -
teve em ajudá-lo a ir atrás do que gosta.
Nascido na Índia, Raman deixou de depender de voluntários que liam livros em uma
universidade técnica no país natal para viver uma vida independente no Vale do
Silício, na Califórnia, Estados Unidos, onde é um respeitado cientista da
computação e engenheiro no Google.
Em sua jornada, Raman criou uma série de ferramentas que lhe ajudam a aproveitar
objetos e tecnologias que não foram pensados para usuários cegos. Elas vão de um
Cubo Mágico com inscrições em braile, até um software que lê em voz alta
fórmulas matemáticas complexas, que foi o tema de sua dissertação para Ph.D.
na Universidade de Cornell. Ele também criou uma versão do serviço de buscas do
Google voltado para usuários cegos.
Raman, de 43 anos, agora trabalha para modificar o mais recente gadget
tecnológico que, segundo ele, poderia facilitar a vida dos cegos: um telefone
com tela sensível a toque (touch-screen).
"O que Raman faz é fantástico", disse Paul Schroeder, vice-presidente para
programas e políticas na American Foundation for the Blind (Fundação Americana
para os Cegos), que realiza pesquisas em tecnologia que podem ajudar pessoas com
deficiência visual. "Ele é uma das maiores mentes na questão da acessibilidade e
sua capacidade de criar e modificar tecnologia para atender a suas necessidades
é sem igual".
Algumas das inovações de Raman podem auxiliar na criação de gadgets eletrônicos
e serviços via Web mais amigáveis para todos usuários. Em vez de perguntar como
algo deveria funcionar para alguém que não enxerga, ele diz que prefere
perguntar: "como essa coisa deve funcionar quando o usuário não está olhando
para a tela?"
Esses sistemas podem ser úteis para motoristas, ou qualquer pessoa que pode se
beneficiar de acesso ao telefone sem usar os olhos. Eles poderiam também ser
atrativos para a geração "baby boomers" (pessoas nascidas entre meados da década
de 40 até meados dos anos 60), que estão envelhecendo e ficando com a visão
fraca, mas querem continuar fazendo uso da teconologia da qual dependem.
A abordagem de Raman reflete o reconhecimento de que muitas inovações criadas
inicialmente para pessoas com deficiência acabaram beneficiando a população em
geral, segundo Larry Goldberg, que supervisiona o National Center for Accessible
Media (Centro Nacional de Mídia Acessível) na WGBH, emissora pública de Boston.
Elas incluem rampas para cadeiras de rodas, legendas em transmissões de TV e
tecnologia óptica de reconhecimento de caracteres, que foi aperfeiçoada para
criar softwares que podem ler livros impressos em voz alta e é utilizada agora
em diversas aplicações em computadores, ele disse.
Sem botões para guiar os dedos na superfície lisa, a tela sensível de celulares
parece ser um desafio assustador. Mas Raman disse que com as adaptações certas,
telefones com telas sensíveis - muitos dos quais já vêm com tecnologia de GPS e
guia embutidos - poderiam ajudar os cegos a se orientarem pelo mundo.
"Não é preciso se esforçar muito para acreditar que seu telefone poderia dizer
'Ande reto e em 60 metros você chegará no cruzamento de X com Y'", Raman disse.
"Isto é perfeitamente possível".
MILITANTES dos direitos dos cegos há muito tempo reclamam que as empresas de
tecnologia geralmente pecam quando se trata da acessibilidade em seus produtos.
A Internet, ao mesmo tempo em que abre diversas oportunidades para os cegos,
ainda é recheada de obstáculos. E softwares de leitura de tela sofisticados, que
lêem documentos e páginas da Web em uma voz sintetizada, podem custar mais de
US$ 1.000 (R$ 2.300). Mesmo com o leitor de tela, alguns sites são difíceis de
navegar.
No ano passado, a National Federation of the Blind (Federação Nacional dos
Cegos) chegou a um acordo importante em um processo contra uma empresa cujo site
os militantes declararam sem condições de uso, a Target (grande magazine,
equivalente às Lojas Americanas no Brasil). No acordo, a varejista concordou em
tornar seu site acessível para pessoas cegas. A federação avalia a usabilidade
de sites e certifica apenas alguns como sendo totalmente acessíveis.
Um desafio enfrentado é que a tecnologia geralmente evolui muito mais
rapidamente do que as diretrizes que garantem que os sites funcionem
corretamente com leitores de tela. Em dezembro, o Consórcio World Wide Web,
grupo que define os padrões para a Internet, disponibilizou a versão 2.0 de suas
diretrizes para acessibilidade em websites. A versão anterior era de 1999,
quando a Internet só tinha basicamente páginas estáticas, sem aplicações
interativas.
Há diversos tipos de obstáculos na Internet. Um dos mais comuns é o Captcha, uma
ferramenta de segurança que consiste em uma sequência de letras e números
distorcidos que usuários devem ler e digitar antes de assinarem algum novo
serviço ou enviar um e-mail. São poucos os sites que oferecem Captchas com
suporte auditivo.
Algumas páginas são apenas mal desenvolvidas, como sites de comércio eletrônico,
onde o botão de finalização da compra é uma imagem sem informação que possa ser
compreendida pelos leitores de tela.
"Grande parte do setor não progrediu realmente para oferecer à comunidade cega
acesso igualitário a seus produtos", segundo Eric Bridges, diretor de defesa e
assuntos governamentais no American Council of the Blind (Conselho Americano dos
Cegos). Bridges e outros militantes argumentam que a acessibilidade deveria ser
criada junto com as novas tecnologias e não pensada posteriormente.
Pessoas com outras deficiências enfrentam problemas similares na Internet. "Do
lado dos surdos, a decepção é enorme, por conta de todos o vídeos disponíveis
sem legendas", de acordo com Goldberg.
RAMAN, que antes de começar a trabalhar no Google em 2005 trabalhou na Adobe
Systems e como pesquisador na I.B.M., está acostumado com problemas de
acessibilidade, tanto pessoal quanto profissionalmente. Em 2006, ele desenvolveu
uma versão da ferramenta de busca do Google que prioriza sites que funcionam bem
com leitores de tela. O sistema precisou testar milhões de páginas.
"É impossível encontrar uma única página que cumpre todos parâmetros de
acessibilidade", de acordo com Raman. Ainda assim, o sistema foi capaz de
encontrar quais páginas funcionavam melhor com leitores de tela.
Este serviço não é utilizado tanto quanto ele gostaria. Mesmo assim, surtiu
efeito. Diversas operadoras de sites, cujas páginas não apareciam em destaque
nas buscas do Google perguntaram a Raman o que poderiam fazer para resolver os
problemas e ter sites com maior destaque.
O serviço inclui um ampliador de tela que aumenta resultados de buscas
individuais. Raman diz que a ferramenta serve para usuários com baixa visão, mas
poderia ser usado por uma parcela maior da população, especialmente em telefones
celulares e outros equipamentos com telas pequenas.
Para uso pessoal, ele construiu um sistema personalizado que lhe permite acesso
eficiente a muito do que ele precisa em seu PC e na Internet, eliminando
qualquer coisa que poderia diminuir sua velocidade. Por exemplo, o sistema
acessa diretamente os artigos em sites de notícias que ele lê regularmente,
evitando links de navegação e outras funções encontradas na maioria dos sites.
Alguns dias atrás, Raman estava trabalhando numa pesquisa sobre a estrutura da
Internet no futuro. Um monitor estava pendurado sobre sua mesa. Ele geralmente
fica desligado, a não ser que ele queira mostrar no que está trabalhando para
algum colega ou visitante. Ele digitou em seu teclado, sua cabeça se moveu de
leve para o lado, escutando o leitor de tela por meio de fones de ouvido sem
fio.
O leitor de tela está configurado para falar a aproximadamente três vezes a
velocidade normal da fala. Para um ouvido sem treino, a informação é
incompreensível, mas permite a Raman "ler" na mesma velocidade de uma pessoa sem
deficiência visual.
Processar informação rapidamente é uma habilidade que ele desenvolveu com os
anos: um vídeo no YouTube mostra-o resolvendo um Cubo Mágico em braile em 23
segundos. Quando não está digitando, Raman, que usa grandes óculos escuros,
frequentemente dobra e desdobra pedaços de papel em pequenas formas geométricas,
como origamis, em uma velocidade extraordinária.
Ele divide uma área de trabalho no Google com Charles Chen, um engenheiro de 25
anos, e Hubbell, cão-guia de Raman. (Hubbell possui seu próprio site).
Chen, que enxerga, desenvolveu um leitor de tela gratuito que funciona com o
navegador Firefox. Trabalhando juntos, os dois recentemente adicionaram atalhos
de teclado que ajudam usuários cegos e com baixa visão a navegar rapidamente
pelos resultados de busca do Google. Eles também desenvolveram ferramentas que
tornam aplicativos sofisticados da Internet, como e-mail e leitores de blogs,
adequado para softwares de leitura de tela.
Agora eles concentram seus esforços em celulares com telas sensíveis ao toque.
"O que mais me interessa é tudo que está migrando para o mundo móvel, porque
isso pode mudar vidas", disse Raman.
Para mostrar o progresso, Raman pegou seu T-Mobile G1, um telefone com tela
sensível com o software Android do Google, do bolso de seus jeans. Ele e Chen já
o equiparam com um software que fala de modo semelhante ao leitor de telas no
PC. Agora eles estão trabalhando em maneiras que permitam que cegos ou qualquer
pessoa que não esteja olhando para a tela digitem textos, números ou forneçam
comandos.
O desenvolvimento desse recurso complementaria sistemas de reconhecimento de
voz, que nem sempre são confiáveis e não funcionam direito em ambientes com
muito barulho.
Como não consegue tocar com precisão um botão na tela sensível, Raman criou um
discador que se baseia em posições relativas. O discador interpreta qualquer
local tocado pela primeira vez como o 5, que se localiza no meio de um teclado
de telefone comum. Para discar qualquer outro número, ele simplesmente escorrega
o dedo na direção - para cima e esquerda para 1, para baixo e direita para o 9 e
assim por diante. Se ele comete algum erro, ele pode apagar o último número
balançando o telefone, que pode detectar movimentos.
Ele e Chen estão testando diversos outros métodos de inserir informações.
Nenhuma dessas tecnologias foram apresentadas ao público, mas Raman, que já usa
o G1 como seu celular principal, espera vê-las disponíveis em breve.
(Há poucos leitores de tela disponíveis para smartphones e eles podem custar
tanto quanto o próprio telefone).
As tecnologias em celulares que podem fazer uma grande diferença - um telefone
que reconhece e lê placas através da câmera - ainda podem estar alguns anos
distantes, segundo Raman. Alguns equipamentos já podem ler textos desta maneira.
Mas como os usuários cegos não sabem onde estão as placas, eles não podem
apontar a câmera ou fazer um alinhamento apropriado, de acordo com Raman. Quando
os chips forem potentes o suficiente, eles poderão detectar a localização de uma
placa e ler letras pequenas ou tortas, por exemplo, ele disse.
"Isso irá acontecer", concluiu. E quando acontecer, usuários com visão também se
beneficiarão.
"Se existisse uma tecnologia que pudesse reconhecer placas na rua conforme se
passa por elas, isso auxiliaria a todos", declarou. "Em um país estrangeiro, ela
poderia fazer a tradução".
As inovações de Raman já estão presentes em milhões de PCs. Na Adobe, nos anos
90, ele ajudou a adaptar o formato PDF para poder ser lido por leitores de tela.
Isso foi requisito para que o formato PDF pudesse ser utilizado pelo governo
federal e levou a tecnologia a ser adotada como um padrão mundial em documentos
eletrônicos.
"Foi de grande importância para nós, como um negócio, e para os cegos", disse
John Warnock, dirigente e fundador da Adobe.
Raman diz acreditar que tem mais influência quando convence outros engenheiros a
fazer seus produtos acessíveis - ou, melhor ainda, quando os faz acreditar que
há problemas interessantes a serem resolvidos nessa área. "Se eu conseguir mais
10 engenheiros motivados a trabalhar em acessibilidade", diz, "será uma enorme
vitória".

Escrito por IP Jornal Team em Janeiro 22nd, 2009 nas categorias Geral, Noticias

QUEM SÃO OS NOSSOS OLHOS?

Revista Época- "Quem são os nossos olhos?"
Cresce no país o uso de recursos audiovisuais que tornam a arte acessível às pessoas com deficiência - por Lívia Deodato

Marcelo Panico não sabia que tinha nascido com uma má-formação genética na retina. Em 2002, quando tinha 33 anos, o problema se manifestou. Ele ficou cego em três
meses. "Até então, minha maior frustração era nunca ter usado óculos", diz. Afundou na depressão. Pouco tempo depois, soube que sua mulher, Mary, estava grávida.
"Fiquei pior ainda. Achava que um deficiente visual não tinha condições de fazer nada da vida", diz ele. Mas o nascimento de Maria Luiza, de alguma forma, fez Marcelo
se reerguer. Procurou ajuda na Fundação Dorina Nowill para Cegos. Lá, reaprendeu a andar, a tomar banho, a cozinhar, a ler e a exercer, no escuro, a profissão de
advogado. Há pouco mais de um ano descobriu que também poderia voltar a frequentar teatros e cinemas sem que alguém precisasse cochichar em seu ouvido as cenas de
ação ou as trocas de olhares. Bastava um aparelho com fone de ouvido e recepção de ondas de rádio para Marcelo ouvir a audiodescrição das cenas, entre as pausas
dos atores. Na ópera, dias atrás, notou mais detalhes do que quando tinha visão. "Antes eu enxergava, mas não via nada", disse ao fim da ópera Pagliacci, apresentada
há três semanas no Theatro São Pedro, em São Paulo. "Eu não prestava atenção na cortina do palco. Hoje eu sei que ela é vermelha e tem um detalhe em dourado."
Marcelo é um dos brasileiros com algum tipo de deficiência que estão experimentando os recursos de acessibilidade. Esses serviços começam a ser oferecidos, ainda
de forma tímida, nos teatros e cinemas do Brasil. Pelas contas de Lívia Maria Villela de Mello Motta, profissional com doutorado que desde 1999 se dedica à audiodescrição
de espetáculos, já ocorreram no Brasil cerca de 50 eventos com algum tipo de suporte para deficientes. Houve desfile de moda, espetáculos de dança, simpósios e congressos.
No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a ser celebrado em 3 de dezembro, será inaugurado no Memorial da América Latina, em São Paulo, o Memorial da Inclusão,
uma exposição permanente com mais de 300 fotos e documentos que contam a luta pelos direitos das pessoas com qualquer deficiência. A exposição terá recursos sonoros
e textos em braille para permitir o acesso de deficientes visuais e para ajudar as pessoas que não são deficientes a perceber, por alguns minutos, como é o mundo
vivido pelos cegos.
Tudo isso, claro, é muito recente. A primeira ópera no país com audiodescrição, Sansão e Dalila, foi apresentada em 2007 no Festival de Manaus, no Amazonas, organizada
pelo Instituto Vivo. De lá para cá, sobretudo no segundo semestre deste ano, a tecnologia para atender pessoas com deficiência tem sido usada com mais frequência.
Os recursos mais comuns no Brasil são audiodescrição, legenda oculta (o mesmo closed caption da TV) e interpretação da linguagem de sinais. Eles já foram usados
nas peças O doente imaginário, de Molière, e Vestido de noiva, de Nélson Rodrigues, entre várias outras, apresentadas no Teatro Vivo, em São Paulo. Agora estão sendo
oferecidos na peça A música segunda, de Marguerite Duras, que fica em cartaz no mesmo teatro até o dia 13 de dezembro.
No mundo da ópera, houve apresentações com legendas e audiodescrição das óperas Cavalleria Rusticana e O barbeiro de Sevilha - cujas últimas apresentações vão ocorrer
na terça-feira e na quinta-feira desta semana, no Theatro São Pedro, de São Paulo.
A companhia carioca Os Inclusos e os Sisos, nascida em 2003 como braço da ONG Escola de Gente, foi pioneira no Brasil em agregar em seus espetáculos todos os recursos
possíveis para atender às necessidades das pessoas com deficiência. Sua peça mais recente, Ninguém mais vai ser bonzinho, apresenta vários tipos de preconceito,
inclusive os que sofre uma garota com síndrome de Down.
Mostras de filmes nacionais e internacionais estão entrando na mesma onda: a quarta edição do Festival de Direitos Humanos na América do Sul, ocorrida no início
do mês em 16 capitais brasileiras, apresentou boa parte de seus filmes com acessibilidade às pessoas com deficiência. A Mostra de Cinema Nacional Legendado & Audiodescrito
completou cinco anos em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, estendeu sua programação para São Paulo em outubro. Na internet, o YouTube
anunciou recentemente legendas automáticas e o site brasileiro Blindtube tem produzido filmes com audiodescrição.
"As iniciativas estão no começo, mas podemos dizer que neste semestre elas explodiram", diz Marines Cristina Almeida, de 43 anos, que tem deficiência visual e coordena
o grupo de ação cultural da Laramara, Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual. "Desde julho, já fui à ópera, ao cinema e assisti a DVDs em casa,
graças à audiodescrição." Ela conta que o filme mais chocante a que pôde assistir até agora foi Ensaio sobre a cegueira, de Fernando Meirelles. "Há cenas muito fortes."
Marines era uma das nove deficientes que compareceram à sessão de Meu nome não é Johnny no CCBB de São Paulo, exibida no início do mês com legenda oculta e audiodescrição.
A seu lado, estava Rui Antonio do Nascimento, de 49 anos, que perdeu a visão há dois anos por causa do diabetes. Era a primeira vez que ele via um filme audiodescrito.
Nascimento faz uma avaliação peculiar dessa primeira experiência. "É como se fosse um sonho", diz ele. "Os atores falam, o narrador conta e você põe na mente apenas
o que deseja ver."

* Quem precisa de apoio - Número de pessoas com deficiência no Brasil
- 5 milhões de pessoas têm deficiência física
- 2,4 milhões com deficiência intelectual ( esse número provavelmente inclui pessoas com doenças mentais )
- 2 milhões com deficiência visual (cegas e com baixa visão)
- 1,6 milhão com deficiência auditiva

- Fonte: Censo de 2000 do IBGE

CARNAVAL 2010

Carnaval 2010

A Escola de Samba Embaixadores da Alegria este ano abrirá o desfile das
campeãs no sábado dia 20 de fevereiro.

A ADVERJ irá compor uma das Alas de pessoas com deficiência com 30
componentes e conta com sua presença neste dia com muita empolgação e
alegria, em parceria com o grupo Anjos sem Visão.
O referido grupo de trinta pessoas é formado por pessoas com deficiência
visual.

O cadastro será feito dia 10 de janeiro na Rua do Catete, 326, às
14:00, com reserva da fantasia que será patrocinada pela Volkswagen,
assim como o primeiro carro alegórico adaptado para pessoas com
deficiência. Neste dia haverá uma festa de confraternização, por isso os
organizadores do evento pedem que as pessoas vão de roupa branca.

A escolha do samba será coroada com uma festa muito animada em uma
deliciosa feijoada dia 16 de janeiro no Clube Israelita Brasileiro,
localizado à Rua Barata Ribeiro, 489, Copacabana, das 12:00 às 17:00.
Almoço por adesão: valor R$ 10,00

Pedimos a ajuda de todos na divulgação da disponibilidade destas vagas
pela ADVERJ e contamos com sua presença.

Os interessados devem comparecer no dia 10, domingo próximo
impreterivelmente, pois não haverá outra data para o cadastro e reserva
da fantasia.

Por favor, enviem nome, telefone e e-mail para: cp0575@yahoo.com.br até o dia 9 de janeiro. Lembrem-se que o número de vagas é limitado
e obedeceremos a ordem de recebimento dos e-mails. Não percam.

OBS.: Será cobrada uma taxa de R$ 10,00 pelo Grupo Anjos sem Visão,
referente à participação no evento do dia 10.
Estará também à venda, o cd com o samba enredo de autoria de Valdyr
Lopes que concorre este ano com outro autor não deficiente.
Valor do cd: R$10,00 (opcional)

Abraços,
Cinthya Pereira
Diretora de Comunicação

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Logo, a página móvel.

Em 2007, Anna Azevedo, diretora e autora, entre outros curta-metragens documentais, de "Berlin- Ball" (premiado em Berlim com o Today Award), partiu para um projeto audacioso: usar imagens de velhos filmes Super-8 (extraídas de arquivos) para ilustrar relatos de pessoas cegas sobre seus sonhos, sua memória, sua imaginação, suas concepções do invisível. O resultado de suas conversas com Xiko Gonçalves, Leniro Alves, Virgínia Menezes, Virginia Vendramini, Marcello Guimarães, Flavia Lara,Paulo Roberto Costa e Gloria Almeida (que só aparecem na tela com suas vozes em off sobre os extratos de Super-8) foi um lindo poema cinematográfico chamado "Dreznica",que recebeu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria, venceu Recife e foi selecionado para Berlim e Rotterdam. A convite da Página Logo, Anna voltou a conversar com alguns dos homens e mulheres que integraram seu filme, indagando como é que, na escuridão em que vivem, percebem e reagem a eventos críticos como os apagões,e, também, como é viver num mundo onde quem enxerga se torna cada vez menos autônomo e mais dependente da luz e das matrizes elétricas.

Pessoas cegas contam como vivenciam blecautes e falam sobre sua relação com a luz e a eletricidade - por Anna Azevedo

Quando menino, Xiko Gonçalves conseguia enxergar fontes luminosas brilhantes. Mas não tardou ficar completamente cego. Da percepção do brilho, a que mais o seduzia
era quando seus olhos - sempre em movimentos frenéticos, incontroláveis - cruzavam com algum outro olhar. "Eu ficava fascinado com aquele brilho do olho. Tinha vontade
de lamber para ter certeza de que era realmente carne. Não entendia como uma carne podia emitir tanta luz."
Outro atributo humano que encanta este analista de sistemas de 55 anos é a capacidade de emitir e de criar sons. E foi justamente a ausência dos sons habituais no
bairro de Botafogo que o fez perceber que havia algo de estranho naquela noite do dia 10 de novembro de 2009.
"As ruas tinham perdido a vida. Senti-me como um dos cegos que caminham pela cidade devastada imaginada por José Saramago no livro `Ensaio sobre a cegueira'."
A pane elétrica não fora sentida por ele em sua representação mais clássica, a falta de luz. Mas sim pela ausência dos ruídos do bairro: carros, buzinas, vozes
vindas de todos os cantos, bares cheios.
"Só soube que era um apagão porque escutei os comentários. O som é muito mais importante do que a luz. E num mundo cada dia mais ruidoso, nós cegos muitas vezes
passamos por sufocos. Essa confusão de ruídos atrapalha o nosso senso de direção."
A deficiência visual de Xiko não lhe permite perceber se está claro ou escuro. "É a mesma coisa". Ele se recorda do dia em que todos os funcionários do prédio onde
trabalha tiveram que descer vários andares pela escada totalmente às escuras. E lá foi o Xiko, escada abaixo, todo serelepe, com total domínio espacial. "Quem é
que está descendo rápido desse jeito, nessa escuridão e sem medo de cair?", escutou pelo caminho.
Lâmpadas, lanternas e abajures são artigos inúteis para ele. Na residência, a luz só é acesa quando as visitas solicitam. "A minha conta é baixa."
Bem diferente da taxa paga pelo técnico judiciário Marcello Guimarães, de 34 anos, que perdeu a visão no início da adolescência. É instintivo: à noite, quando entra
em casa, o primeiro movimento que faz é o de tatear a parede em busca do interruptor. "É puramente emocional. Eu percebo a presença física da luz, ela preenche o espaço e eu não me sinto sozinho quando a luz está acesa. A escuridão me dá a sensação de vazio. Se não acendo as luzes, é como se o meu lar estivesse abandonado. Não enxergo nem mais, nem menos com a luz. Mas a presença dela é reconfortante."
Já com a luz natural, a relação é de rejeição. "Há vários tipos de cegueira. A minha me rendeu uma fotofobia acentuada. No sol forte, sinto uma espécie de cegueira
branca. Muito desagradável."
Além das lâmpadas acesas, outro companheiro inseparável de Marcello é o rádio de pilha. Tem vários. E ele não gosta nada, nada da pecha de jurássico do velho e bom
radinho. "Até me ofende", reage. "Eu não durmo, não acordo, não tomo banho sem o meu rádio."
Marcello defende a tese de que a linguagem radiofônica é perfeita para quem não enxerga. "A informação via rádio é 100% sonora. Não existe o apelo visual. Tudo o
que eu preciso para entender o que está acontecendo é falado."
Mas, e de onde vem o fetiche pelo modelo à pilha? "Vem da portabilidade. Eu levo pra onde bem entendo. É indispensável para um cego."
Quem também é colecionador de radinhos de pilha é o dublê de músico e analista comercial da Light (!) Leniro Ives, de 53 anos. "Só no Maracanã o radinho de pilha
é tão útil quanto no Instituto Benjamin Constant", compara ,jocoso, referindo-se à escola de educação para deficientes visuais, no Rio, de onde foi aluno.
Mergulhar na escuridão é uma espécie de terapia para Virginia Menezes, 52 anos. Quando criança, era dentro dos armários, debaixo da cama, nos cantos com pouca luz
que ela se abrigava quando precisava se sentir protegida.
"Nem bicho papão me pegava no escuro. Na ausência da luz, eu era a rainha, não tinha para ninguém."
Com o tempo, nada mudou. Em casa, no breu, a mulher de hoje reencontra a fonte que tornava indestrutível a menina de ontem."Quando falta luz eu sinto muita pena
dos que enxergam porque eles ficam muito vulneráveis. É por isso que durante os blecautes as pessoas procuram ficar próximas umas das outras. Para se sentirem protegidas."
Mas se a vida interior encontra paz na escuridão, a falta de energia elétrica perturba o dia-a-dia dessa professora. Cega congênita, ela ressalta que não pode sequer imaginar uma vida com deficiência de fornecimento de luz.
"Não uso a energia com finalidade de iluminar. Mas ela me traz e me leva. O lado prático da vida está atrelado às matrizes energéticas. Dos cegos e dos videntes.
Não tem como voltar atrás."
Virgínia é atraída pelo breu, mas ensina que o universo "visual" de um cego está longe de ser a escuridão total.
"Quem é cego não vive nas trevas, não! se eu enxergasse preto significaria que eu reconheço o preto como cor. E como posso ver uma cor se não enxergo? Minha cegueira
é cheia de luz. E é azul. Um azul infinito."