quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Stevie Wonder pede que ONU leve luz aos cegos

Publicada em 20/09/2010 às 16h41m Reuters/Brasil Online
Por Robert Evans

GENEBRA (Reuters Life!) - O cantor de pop e soul Stevie Wonder pediu a
diplomatas de quase 200 países na segunda-feira que parem de discutir
sobre direitos autorais e acordem um pacto para levar "esperança e luz"
a pessoas cegas em todo o mundo.

O músico norte-americano, cego quase desde a nascença, avisou aos
negociadores da OMPI, a agência das Nações Unidas que trata da
propriedade intelectual e dos direitos autorais, que, se não atenderem a
seu apelo, vai compor uma canção triste sobre eles.

"Precisamos declarar estado de emergência e pôr fim à privação de
informações que continua a manter os deficientes visuais na escuridão",
disse Wonder, cuja música já lhe valeu dezenas de prêmios em seus 50
anos de carreira.

Stevie Wonder disse aos delegados na abertura da assembleia mundial da
OMPI que deveriam acordar um plano de ação que dê poder aos cegos e
quase cegos, passando ao largo dos direitos de copyright e permitindo o
acesso deles a livros e conhecimento.

Concluindo seu apelo, ele cantou versos famosos de muitas de suas
canções, incluindo "I Just Called to Say I Love You" e "Keep Our Love
Alive".

O chamado dele foi endossado pela União Mundial de Cegos, segundo a
qual, nos países em desenvolvimento, menos de 1 por cento das obras
publicadas são disponíveis em formatos como Braille ou áudio. Mesmo nos
países ricos, o total não chega a 5 por cento.

Os países membros da OMPI vêm há anos estudando um pacto que possa
superar as normas de direitos autorais internacionais, permitindo o
financiamento de traduções de livros para o Braille, mas vêm topando com
divergências entre países.

Alguns são a favor de direitos totalmente gratuitos de tradução em
formatos acessíveis aos cegos, enquanto outros insistem que não se podem
deixar brechas que permitam a pirataria de textos, música e tecnologia.

Stevie Wonder, que é mensageiro da paz da ONU e já vendeu mais de 100
milhões de discos desde os anos 1960, disse que os delegados "deveriam
colocar suas diferenças ideológicas de lado e propor uma solução
prática".

Segundo ele, embora seja crucial evitar prejudicar os autores de grandes
obras que "alimentam nossos corações, mentes e almas", os membros da
OMPI precisam fechar um acordo que permita a importação e exportação
fácil de materiais protegidos por copyrights para os cegos.

Sem esse acordo, disse ele, cerca de 316 milhões de deficientes visuais
vão continuar a enfrentar limitações a suas oportunidades educativas e
de trabalho que são comparáveis à discriminação que, no passado, impedia
o avanço de afro-americanos como ele e o hoje presidente Barack Obama.

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