quinta-feira, 3 de junho de 2010

CONADE em tepo real

Por ocasião da realização da 69ª Reunião Ordinária do Conade, que será realizada em 15 e 16 de julho, em Brasília, o Conselho vai inaugurar uma nova fase em seus 10 anos de existência. Com o auxílio da Procuradoria Geral da República, será possível acompanhar a reunião plenária através da internet, em qualquer lugar do mundo. Ver e ouvir, on-line, o que estará sendo debatido na reunião. Com isso, quem estiver interessado no assunto, ou quiser ficar por dentro do que está circulando no Conade é só acessar o link específico e acompanhar tudo que se passa no plenário do Conade. Ao vivo!

Este é mais um passo de um processo de divulgação das ações do Conade que foi iniciado pela atual gestão do Conselho. Os outros passos que foram dados anteriormente foi a retomada da Campanha da Acessibilidade e a modernização do Conade Informa, boletim editado pela Comissão de Comunicação Social (CCS) para divulgar as deliberações do plenário.

Encerrar a atual gestão com o Conade reconhecidamente respeitado como a instância máxima de controle social na área da pessoa com deficiência foi a meta almejada por todos os conselheiros, titulares e suplentes, quando o tema foi debatido no Planejamento Estratégico do Conselho para o biênio 2009/2010. Na oportunidade foi
discutida e criada a Visão Futura do Conade: Ser reconhecido como instância nacional de controle social, paritária e autônoma, para a inclusão das pessoas com deficiência. Enfrentando o desafio, o Conade expandiu a Campanha da Acessibilidade, reformulou o Conade Informa e obteve o apoio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão para a transmissão das reuniões plenárias pela Internet, medidas que contribuem para a solidificar a imagem do Conselho.

A visão de futuro construída pelos conselheiros está alinhada com as deliberações da I e da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que defendeu
a existência de um Conselho Nacional forte e reconhecido por toda a sociedade como instância máxima de defesa das pessoas com deficiência.

Durante esta gestão, a Campanha da Acessibilidade foi divulgada para quarenta milhões de telespectadores, nos intervalos dos jogos de futebol transmitidos pela TV,
e para mais de 300 mil pessoas em eventos presenciais. E tudo isso com o custo quase zero, graças às parcerias e patrocínios conseguidos para a divulgação da Campanha.
Se considerarmos o que foi gasto de verba do orçamento do Conade, corresponde a menos de um centavo de real por pessoa atingida. No Relatório Social de 2009 da Rede
Globo, o Conade é o único Conselho citado como entidade apoiada pela emissora. Isto é visibilidade e reconhecimento.

Em Mato Grosso, após a adesão à Campanha, o Tribunal de Contas do Estado incluiu a acessibilidade como item de verificação nas suas ações de auditoria. Isto é resultado
da construção de uma rede de garantia de direitos.

No início da atual gestão, o Conade Informa foi todo reformulado e passou a apresentar os assuntos debatidos nas reuniões plenárias de forma atrativa e dinâmica,
tornando a sua leitura mais fácil e prazerosa. Muitos são os comentários que chegam elogiando o informativo, não só pela sua apresentação, mas também pela qualidade
do seu conteúdo. A nova roupagem desse informativo e a qualidade do seu conteúdo tem levado muitos interessados a solicitar a inclusão de seus endereços eletrônicos
na mala direta do Conade. E o custo do Conade Informa? Zero! O boletim é editado pelos conselheiros, distribuído por e-mail e disponibilizado na página do Conade.
Isto também é visibilidade e reconhecimento.

O Conade está se modernizando. Fique de olho e confira as novidades.

Fonte: Comissão de Comunicação Social (61-2025-3673)

Copa do Mundo 2010

Exemplo! Estádios da Copa terão cadeiras especiais para cegos Campinas, SP, 13 (AFI) - A Fifa fez uma parceria com duas entidades que possibilitará a deficientes visuais uma experiência diferente em 44 partidas do Mundial na África do Sul. Foram reservados 15 acentos em seis estádios que possibilitarão que essas pessoas possam acompanhar aos jogos com o auxílio de fones de ouvido, através de um sistema de descrição diferenciado.

Leia mais:

Johannesburgo - Soccer City

O conteúdo que será transmitido aos deficientes visuais será totalmente distinto
das transmissões tradicionais de rádio e televisão. O foco da narração será o movimento da bola e será feita de forma rápida e detalhada. O objetivo será dar a essas pessoas a possibilidade de acompanhar aos jogos do Mundial de maneira que os deficientes visuais possam acompanhar os detalhes das partidas que não são divulgados em rádios e TVs.

Além de acompanhar o movimento da bola em jogo, a narração também levará em consideração a posição desses espectadores nos estádios. Outra medida do sistema de transmisão aos deficientes visuais, será a proibição de comentários interpretativos ou carregados de emoção. A transmissão das informações gerais sobre a partida somente antes do jogo é uma das principais características do projeto.

Jornalistas ligados ao projeto

Os profissionais escolhidos para treinar e coordenar o trabalho dos narradores, são os jornalistas ligados ao instituto para o Progresso do Jornalismo. Já os estudantes de Engenharia de Som serão os responsáveis pela área técnica, esses profissionais ficarão responsáveis pela segurança e garantia de uma boa transmissão de som para os deficientes visuais que aprovaram de forma plena a iniciativa.

A Fifa também tem o apoio da Associação Nacional para os Deficientes Visuais da
Suíça e do Conselho Nacional para os Deficientes Visuais da África do Sul. Segue a lista dos estádios que oferecerão esse serviço durante a Copa do Mundo.

Soccer City (Joanesburgo): 8 jogos
Ellis Park (Joanesburgo): 7 jogos
Loftus Versfeld Stadium (Tshwane/Pretoria): 6 jogos
Durban (Durban): 7 jogos
Nelson Mandela Bay (Baía Nelson Mandela/Port Elizabeth) : 8 jogos
Green Point Stadium (Cidade do Cabo): 8 jogos
Agência Futebol Interior

CONADE muda de endereço

Informamos que na semana que vem o Conade estará de mudança para a nova sede da Secretaria de Direitos Humanos. O novo endereço é SCS Quadra 09, Lote C, 8º andar, Ed. Parque Cidade Corporate, Torre A – Brasília/DF – CEP 70.308-200. Os telefones permanecerão os mesmos. O atendimento ao público estará regularizado a partir do dia 07 de junho.


Atenciosamente.


Coordenação Geral do Conade
No dia 19 de junho, de 8:00 as 18:00 horas, o Rompendo Barreiras / UERJ, Campus
Maracanã, realizará seu III encontro -
"Inclusão da Pessoa com Deficiência no Ensino Superior"; neste mesmo
dia, terá como atividade paralela atendimento ao público com deficiência que
será realizado por profissionais da ALERJ.



POR FAVOR, DIVULGUEM!

O atendimento no ônibus acessível será aberto ao público.
Valeria de Oliveira
Coordenadora do Evento
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COMISSÃO DE DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – ALERJ

SÃO MAIS DE 20 TONELADAS QUE REFORÇAM O SEU PODER PELAS RUAS DE TODO O ESTADO
A Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência segue em alta velocidade, na busca de fazer valer todas as leis e direitos dos deficientes.

Ônibus Itinerante
Devido à dificuldade de locomoção de algumas pessoas com deficiência o projeto leva a informação até elas.

Trata-se de um ônibus adaptado, uma iniciativa pioneira no Brasil, que oferece uma
estrutura com rampas de acesso, banheiro totalmente adaptado, ar condicionado e
equipes de Advogados, Assistentes Sociais e Atendentes com conhecimento em
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para garantir o seu melhor atendimento.

A equipe, totalmente preparada para orientar, informar e esclarecer os direitos de todo cidadão com qualquer deficiência e seus familiares, distribue informativos que apresentam os mais recorrentes problemas com suas possíveis soluções.

A unidade móvel é previamente agendada para ficar localizado nos principais centros e bairros dos municípios do Estado do Rio de Janeiro.

"O ônibus tem um papel fundamental, que é alcançar a pessoa que não consegue acessar o Estado", afirma o Deputado Altineu Côrtes, Presidente da Comissão, ressaltando que
o veículo está presente em todo interior fluminense.

Serviços oferecidos:
Orientação Jurídica
Assistência Social
Formulários para solicitação do Vale Social (Intermunicipal), Vale Federal (Interestadual) e BPC (LOAS).

Disque PPD – 0800-2855005

Escritório: Rua Primeiro de Março, s/nº - Palácio Tiradentes
Pça XV – Centro – Rio de Janeiro
Tels:2588-1140 / 2588-1139
e-mail: alerjcppd@yahoo.com.br

Cientistas suecos traduzem expressões faciais para Braile

Nova tecnologia permite que deficientes visuais interpretem expressões faciais por meio de estímulos vibratórios

Geek

Por Fabiana Baioni

Um grupo de cientistas da Universidade de Umeå, na Suécia, desenvolveu um sistema de codificação de expressões faciais para auxiliar deficientes visuais

a melhorar sua forma de comunicação com outras pessoas.

O estudo, chamado de "A Braile Code of Emotion" (O Códio Braile das Emoções, na tradução para o português) liderado pelo pesquisador Shafiq ur Réhman, uniu

uma webcam comum, um programa especial que identifica diferentes tipos de expressões, e um conjunto de pequenos vibradores, criando uma nova tecnologia

que permite aos deficientes visuais receberem estímulos sensoriais para cada expressão feita por outra pessoa durante um diálogo.

De acordo com a revista

PopSci

a nova tecnologia captura imagens de diferentes expressões faciais através da webcam e as transforma em padrões vibratórios. Cada vez que um usuário transparece

emoções correspondentes aquela expressão, o display tátil emite uma seqüência de vibrações característica, permitido que os deficientes visuais identifiquem

qual expressão acompanha aquele diálogo.

Segundo o site

Science Daily

em um primeiro momento, os usuários dessa tecnologia precisam treinar seu cérebro a interpretar os estímulos vibratórios. Para isso, é necessário que o

usuário sente diante de um computador equipado com o programa e emita diferentes expressões faciais. Cada vez que uma nova expressão é identificada, os

sensores emitem um padrão de estímulos, permitindo assim que quem esteja utilizando o programa absorva a nova informação. Os display tátil pode vir em

duas versões: adaptável ao ante-braço do usuário, ou como encosto de cadeira.

Para Réhman "os cegos compensam sua falta de visão melhorando outros sentidos, como audição e olfato, porém, é difícil interpretar emoções complexas apenas

ouvindo a voz de alguém", diz o pesquisador. A intenção da nova pesquisa é melhorar a experiência dos deficientes visuais no que diz respeito a interação

com outras pessoas.

O grupo trabalha agora numa maneira de tornar a tecnologia viável. A empresa

VideoAktAB

já patenteou a pesquisa e promete lançá-la ao mercado em breve.

Superação

Da revista isto É...

Comportamento | N° Edição: 2116 | 28.Mai - 21:00
A mulher que escreve com os olhos
Quem é a advogada Alexandra Szafir, que, com os músculos paralisados, luta com humor pela vida, trabalha e escreveu um livro escolhendo letras com o olhar
Antonio Carlos Prado


SUPERAÇÂO
Alexandra e um de seus cães, Laurinha
Atores profissionais não teriam feito melhor: uma mulher numa cadeira de rodas, empurrada às pressas e aos solavancos por um homem, atravessa o saguão do hospital São Luiz, em São Paulo, numa fria madrugada de abril de 2006. Se cadeiras de rodas já chamam a atenção, mesmo nesses locais, esse casal tinha algo a mais. Bem a mais: ela, a cadeirante, vestia-se como a mais legítima prostituta – com direito a botas vermelhas e saia escandalosamente curta. Ele, o condutor da cadeira, trajava-se à perfeição como um explorador de mulheres – sem lhe faltarem os sapatos bicolores e a gomalina no cabelo. A afobação se justificava, uma vez que a mulher sangrava na cabeça.
Ao alcançar o balcão da recepção, o homem foi firme:
– Temos hora marcada com o professor de neurologia Acari Oliveira. Trata-se de internação. A recepcionista achou esquisito e hesitou. O macho, durão:
– Ela é prostituta e eu, cafetão. Brigamos e esmurrei-lhe a cabeça. Agora, por favor, o professor Acari. Imediatamente.
O médico foi chamado, cumprimentou o casal com bom humor e a moça foi internada. O homem instalou-se no mesmo apartamento na categoria de namorado.
Como já se disse, gente afeita ao palco não teria se saído melhor e isso deixa claro que o casal em questão trabalha em outro ramo. Tal ramo, no entanto, é claro que nada tem a ver com o lenocínio. A moça se chama Alexandra Lebelson Szafir, é paulista e conhecida em todo o Brasil pelo seu brilhantismo como advogada. É filha de uma das mais tradicionais e socialmente bem colocadas famílias judias do País, estudou no difícil colégio israelita I.L.Peretz e formou-se em direito pela Universidade de São Paulo. Tem um casal de filhos (Pedro e Isabella) e três irmãos: Salomão, Priscila e o ator e empresário Luciano Szafir (gêmeo da irmã). Seu pai se chama Gabriel, sua mãe é a empresária, estilista e socialite Betty Szafir. O namorado, Álfio D’Ávila, não fica atrás: é um dos mais famosos e bem-sucedidos promotores de eventos e produtores musicais brasileiros, acumulando no currículo, por exemplo, o fato de ter colocado no palco o roqueiro Raul Seixas em seu último show antes de morrer. De volta àquela madrugada, Alexandra tinha mesmo internação marcada (aplicação de hemoglobina), estava em cadeira de rodas porque o movimento de suas pernas se fazia altamente comprometido, mas antes de ir ao hospital decidira curtir, ao lado do inseparável Álfio, uma balada à fantasia. Ao sair do carro, um Doblò branco que mais parecia ambulância e dava o conforto necessário à cadeirante, ela caíra e ferira a cabeça. Daí a encenação.
Sabe-se que o destino estoca na paciência de alguns seres humanos o mais natural e homeopático de todos os remédios, o tão decantado “rir para não chorar”. Então, por que não aproveitar, mesmo em cadeira de rodas e com dor, uma festa no próprio dia da internação? Por que não se dar esse prazer se dessa internação poderia sair um terrível veredicto? Veredictos jurídicos, esses Alexandra tira de letra em seus mais de 20 anos de advocacia, mas quão assustador pode ser um veredicto médico? Dependendo de qual seja, só cabe impetrar recurso a Deus ou só mesmo uma Alexandra para encará-lo com o seu remédio de rir – não o rir dos tolos, mas, isso sim, o bom humor da inteligência temperado na garra pela vida, na altivez e força de caráter. A hemoglobina não foi eficaz e veio assim o diagnóstico encurralando Alexandra, 43 anos, no traiçoeiro corredor da morte das doenças genéticas degenerativas.

O processo de escrita do livro (acima): o namorado,
Álfio, aponta a letra e Alexandra arregala os olhos
Alexandra Szafir é portadora de esclerose lateral amiotrófica (ELA), um buraco negro e sem cura da medicina, que progressiva e avassaladoramente paralisa os músculos e leva ao falecimento. Atualmente, o máximo que ela faz, com o máximo esforço, e no máximo período de tempo, é arregalar os olhos quando Álfio lhe aponta uma letra numa tabela com o alfabeto e ela quer sinalizar que tal letra compõe a palavra que vai formular. É assim que Alexandra se comunica, é assim que Alexandra opina em processos e “redige” habeas corpus, é assim que Alexandra escreveu o livro “desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos”, a ser lançado na segunda-feira 31 pela Editora Saraiva, em São Paulo, no Iate Clube de Santos (às 19 horas, na avenida Higienópolis, 18). “Minha irmã sempre fez tudo o que quis”, diz Priscila. “Agora era o livro, e ele está pronto.” Escrever mal, dessa forma, já é muito. Só que Alexandra dá uma aula de excelente escrita e estilo, até porque, se as mãos fazem o texto (no caso dela, os olhos), são a originalidade e a integridade do caráter do autor que compõem a obra. Mede-se isso nas palavras de seu sócio, o advogado Alberto Zacharias Toron: “O livro escancara as entranhas da Justiça Penal, expondo suas mazelas e a truculência daqueles que Michel Foucault chamava de pequenos ortopedistas da moral.” Reunindo casos reais nos quais atuou, as veias que saltam de paixão e desespero, as vozes que gritam e as mãos que se estendem no livro são de desvalidos e injustiçados. Alexandra delegava a colegas audiências de defesa de colarinho-branco, que renderiam milhões, para impedir despejo em favela. Educada para “patricinha”, o que a tornou assim? “Nada a tornou”, diz Priscila. “Nasceu com esse gene, até de cachorro de rua ela cuidava.” “Alexandra não está comprometida com a versão da advogada, ela é comprometida com a busca da justiça. Tem olho clínico para a injustiça”, diz a também sócia e advogada Heloí sa Estellita.
Já paralisada pela doença, Alexandra começou a escrever com o nariz através de um programa especial de computador. Quando também o nariz se cansou, o arregalar de olhos entrou em ação. “Ela tem uma força inquebrantável”, diz Álfio. Na verdade, não só para escrever e trabalhar. No início da doença, em 2005, quando ainda andava, embora com muita dificuldade e claudicando, fez questão de ir ao show dos Rolling Stones, no Rio de Janeiro, e percorreu a pé distâncias nas quais muito atleta de fim de semana, sarado, pediria água. No domingo 23, foi com o namorado assistir ao novo filme de Woody Allen e adorou. Alexandra é lição de vida e superação, traduzida agora em livro, olhando para o dedo o namorado que lhe aponta letras – com o auxílio incansável da enfermeira Magna Coutinho.

“Alexandra é a mulher da minha vida. Fala pelos ‘cotovelos’,
mas com os olhos. E nos ensina a viver”
Álfio D’Ávila, promotor de eventos e produtor musical
Namorado, aliás, que é outra lição de vida. Álfio tinha tudo para “se mandar” quando Alexandra adoeceu porque eram, então, seis meses de relacionamento. Isso ainda em 2005. Ele está até hoje com a tabela de letras na mão.

Leia o capítulo "Quem mandou morar na favela?" do livro “desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos”, de Alexandra Szafir
Quem trabalha com direito penal conhece a cor da pele amarelada, típica de quem está preso.
Também há um odor característico, para o qual não encontrei outro nome senão “cheiro de cadeia”.
Sempre que alguém é solto e vem ao meu escritório dias depois, impressiona muito a diferença física que alguns dias de liberdade produzem. Num caso extremo, ao entrar na sala onde meu cliente me aguardava, não o reconheci e achei que tinha entrado na sala errada — pedi desculpas e saí, tamanha a diferença já feita por poucos dias fora da cadeia.
Daí decorre a enorme vantagem de fazer um júri com o réu solto. Com raras exceções, qualquer pessoa presa durante um tempo fica com cara de bandido, ainda que não o seja, o que, evidentemente, piora a impressão causada aos jurados. E isso pode impedir, portanto, um julgamento verdadeiramente justo. Para fazer uma analogia, é mais ou menos como se um jogo de futebol já começasse com o placar de 1 a 0 (ou mais, dependendo do caso) a favor do time adversário.
Quando o acusado está preso numa carceragem de Distrito Policial, esse efeito se maximiza. Em ótima hora, a gestão do então Secretário da Administração Penitenciária de São Paulo Nagashi Furukawa acabou com a prática de manter presos por meses, e às vezes até anos, em carceragens de Distritos Policiais. Originalmente destinadas a serem provisórias, por um ou dois dias, acabaram tendo esse objetivo deturpado em razão da superlotação dos estabelecimentos penitenciários.
O resultado? Todos os cidadãos, mesmo os que não militam na área penal, deveriam ir ver in loco, pois, por maior que fosse a minha capacidade descritiva, não conseguiria provocar o horror que a visão desses lugares inspira.
Trata-se de um pequeno pátio cercado por celas também pequenas, que geralmente abrigavam o dobro ou o triplo de sua capacidade. Assim confinados, os presos passavam meses sem condições mínimas de higiene
Em certos Distritos nem sequer existia um pátio, impossibilitando que eles vissem a luz do sol e provocando-lhes inúmeras doenças. O cheiro sentia-se de longe. Certa vez, chegando cedo para uma visita, quando as celas ainda não haviam sido abertas para os corredores, vi os presos dormindo em pedaços de pano amarrados às grades, como arremedos de redes, um por cima do outro, pois não havia mais lugar para dormirem no chão.
Também não era raro que, na impossibilidade de se deitarem todos ao mesmo tempo, os presos se revezassem em turnos para dormir.
Fui nomeada para defender um réu num Júri, quase às vésperas de ele acontecer — assim, não houve tempo para visitar o acusado antes do dia do julgamento. Foi somente aí que o conheci. Ele estava preso numa carceragem de Delegacia de Polícia fazia um ano e oito meses e tinha, portanto, aquela deplorável aparência típica.
Olhando o processo, verifiquei que, após responder parte dele em liberdade, o réu havia sido preso pelo seguinte motivo: mudara de endereço!
Ele tomara, no entanto, a cautela de avisar o juiz sobre a mudança, por meio de petição subscrita por advogado, na qual informava o seu novo endereço. Pouco tempo depois, sobreveio a sentença de pronúncia — decisão que determina que o réu seja julgado pelo Tribunal do Júri. Quando, porém, a oficial de justiça foi ao endereço informado para intimá-lo, teria constatado que o número não existia naquela rua, dando-o por local incerto e não sabido. Assim, entendendo que ele não queria estar à disposição da Justiça, o juiz decretou sua prisão preventiva. Ninguém fez nada a respeito, pois a essa altura o advogado contratado renunciara à defesa, provavelmente porque o réu não tinha mais condições de pagá-lo.
O réu acabou sendo preso, o que o levou a perder o emprego, e, no dia do Júri, estava encarcerado havia um ano e oito meses numa Delegacia de Polícia sem que ninguém tivesse tomado qualquer providência em seu favor. Por sorte havia um erro no libelo de acusação, assim o julgamento não pôde ser realizado; finalmente, o juiz entendeu não ser justo mantê-lo preso em razão de um atraso causado pela própria acusação. Decidiu soltá-lo. Naquele momento, para evitar novo decreto de prisão, pedi a ele que me informasse com urgência seu endereço correto, para que eu pudesse passá-lo ao juiz.
Para minha surpresa, ele me disse que seu endereço era exatamente aquele que havia informado antes. Jamais se mudara de lá (mora ali até hoje), e o número informado anteriormente, segundo ele, estava correto.
Tendo em vista a certidão da oficial de justiça, que dizia o contrário, perguntei se possuía algum tipo de prova da existência do endereço. Ele me deu uma correspondência bancária que lhe fora enviada pelos Correios e entregue pelo carteiro naquele endereço. Por uma coincidência divina, a data de tal correspondência era a mesma da certidão informando que o endereço não existia.
Em resumo: o réu ficou preso durante um ano e oito meses naquele local infecto porque a oficial de justiça não procurara seu endereço direito e prestara uma informação errada ao juiz. Obviamente, se tivesse dinheiro para pagar um advogado que se interessasse em ir à prisão falar com ele nesse período, tudo teria sido esclarecido antes, poupando-o da injusta privação de liberdade.
Como não poderia deixar de fazer, pedi a punição da oficial de justiça.
Tais procedimentos correm em segredo de justiça, portanto não tive acesso a eles, mas soube que ela acabou sendo inocentada. Ao externar minha revolta com o juiz, ele, para meu estarrecimento, me disse o seguinte: “Doutora, esses endereços em favela são mesmo difíceis de encontrar.”
Assim, concluí que a culpa de todo o ocorrido era do réu. Afinal, se ele morasse nos Jardins, a oficial de justiça certamente não teria encontrado dificuldades para localizar sua residência. Mesmo assim, por teimosia, ingressamos com ação indenizatória, que aguarda julgamento.
Mas de uma coisa não resta dúvida: ele foi preso por ser pobre (afinal, quem mandou morar na favela?) e ficou preso por tanto tempo também por ser pobre e não ter advogado particular que fosse falar com ele na cadeia e esclarecesse os fatos ao juiz.
Por fim, apenas para constar: embora seja irrelevante, o réu é inocente e demorou dez anos para ser julgado porque os libelos que se seguiram continuaram contendo erros e, por isso, sendo anulados, e o Ministério Público não conseguia decidir exatamente qual era a acusação contra ele, terminando por requerer sua absolvição, que foi decretada pelos jurados em votação unânime.

Filme para TV sobre acessibilidade

Em ação de responsabilidade social, a Giacometti Propaganda do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro pelos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) e a Rede Globo
produziram um filme com o objetivo de promover a conscientização em relação aos direitos das pessoas portadoras de deficiência, alertando para o fato de que o assunto
ainda é tratado de uma maneira muito pouco séria. O filme estreou em 19 de maio, e será exibido nos intervalos da programação da Globo. O roteiro "Novela" é estrelado
por Alinne Moraes, sucesso no papel de Luciana em Viver a vida, de Manoel Carlos. Ao lado de uma cadeira de rodas, Alinne passa o recado: "A novela acabou, mas a
situação da pessoa com deficiência no Brasil ainda é um drama. Prédios, ruas, calçadas e tantos outros lugares deveriam ter acesso para as pessoas com deficiência,
mas ainda não têm. E este assunto ainda é tratado de uma maneira muito pouco séria para dizer o mínimo. Cabe à sociedade se conscientizar que o problema é de todos.
Fiscalizar, cobrar, denunciar. Pense nisso. A vida real também pode ter um final feliz". A presença da atriz traz à lembrança a força da personagem na novela, um
exemplo de superação de dificuldades. Idealizado por João Santos e Marco Ferreira, da Giacometti, e aprovado por Celso Japiassu e Teresa Amaral, do IBDD, o roteiro
foi levado à Rede Globo, que decidiu gravar com a atriz no mesmo estúdio usado para a novela. A produção conjunta rapidamente ficou pronta para veiculação. "Foi
um processo de produção bastante singular e rápido, construído com a participação e a boa vontade de todos", conta João Santos, diretor de criação associado da Giacometti
Propaganda do Rio de Janeiro. (MY)

Ibedec lança hoje uma cartilha em seu site na internet com áudio do conteúdo do Código de Defesa do Consumidor

Eles somam mais de 5 milhões de pessoas em todo o país. Participam das
relações de consumo no dia a dia, mas têm dificuldades de fazer valer os
seus direitos
de consumidor. São os deficientes visuais, que agora passam a ter acesso ao
Código de Defesa do Consumidor (CDC) pela internet.
"Será mais rápido consultar a lei se comparado ao formato em braille."

Uma cartilha on-line, idealizada pelo Instituto Brasileiro de Estudo e
Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), disponibiliza a partir de hoje o
Manual
do Consumidor em áudio no formato mp3. De casa, do trabalho, da biblioteca
ou mesmo de uma lan house, os deficientes visuais poderão consultar a
publicação
e tirar dúvidas sobre as garantias do CDC.

Para baixar a cartilha, acesse http://www.ibedec.org.br/manual.asp

A ideia do manual surgiu da demanda das associações de deficientes visuais
de todo o país. De acordo com o presidente do Ibedec, José Geraldo Tardin,
essas
entidades reclamam da discriminação nas relações de consumo, além de
levantarem dúvidas sobre as situações específicas das pessoas com
deficiência visual.
Por exemplo: se o cego pode ter acesso a qualquer ambiente com o cão-guia.
Ou se as paradas de ônibus devem oferecer sinalização em braille. "São
pessoas
que têm dificuldade de usar e se beneficiar do CDC por falta de
acessibilidade", destaca Tardin. No manual, o Ibedec comenta o CDC em
linguagem acessível
e dá exemplos dos direitos garantidos pela legislação.

A pedagoga Vitória Maria Marinho Damaceno é deficiente visual, tem 51 anos e
já enfrentou vários problemas nas relações de consumo. Ela conta que foi até
uma farmácia comprar uma pomada e o atendente vendeu o produto como gel.
"Como eu não podia ler o rótulo levei o produto errado e tive que voltar
para
trocar", reclama. Vitória acha bem-vindo o Manual do Consumidor em áudio:
"Vai facilitar porque será mais rápido consultar a lei se comparado ao
formato
em braille do CDC".

Ela lembra, no entanto, que a maioria dos deficientes visuais não tem
computador em casa e alguns possuem o equipamento mas não tem acesso à
internet.
Em relação às lan houses, Vitória reclama que algumas lojas não
disponibilizam internet com programas de áudio para os deficientes visuais.

Uma alternativa para acessar o CDC em aúdio é a biblioteca do Instituto dos
Cegos de Pernambuco, ou a sala de informática, onde está sendo realizado um
curso de informática em parceria com o Senai. No curso de informática
básica, as duas turmas de deficientes visuais utilizam um sistema
operacional de
voz (DosDox) com leitores de telas, um programa desenvolvido pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além do CDC em aúdio, o Ibedec vai disponibilizar atendimento aos
deficientes com um tradutor da linguagem brasileira de sinais (Libras), além
de um atendente
específico para as consultas jurídicas dos deficientes visuais. O
atendimento será gratuito e o advogado vai acompanhar o deficiente em todo o
processo
nos Procons e no Judiciário.

José Geraldo Tardin antecipa outro projeto do Ibedec, previsto para ser
lançado em setembro. Trata-se de uma cartilha em braille com os dispositivos
do
CDC. O Ibedec vai apresentar também umaproposta ao Congresso Nacional, para
que sejam aprovadas leis nos estados e municípios obrigando todas as
bibliotecas
do país disponibilizarem o CDC em braille.

Serviço

www.ibedec.org.br


FONTE: Diario de Pernambuco
http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/05/19/economia7_0.asp

Folha de S.Paulo estreia coluna sobre acessibilidade: mais uma conquista!

Em 19 de maio de 2010.
No próximo domingo a Folha de S.Paulo estreia suas reformas editorial e
gráfica. Dentre as novidades, está a inserção de 27 novos colunistas, como
Eike Batista e Fernanda Torres. No entanto, no que diz respeito aos
articulistas, a grande novidade do jornal é o espaço inédito dado por um
grande veículo impresso brasileiro ao tema acessibilidade, mote da coluna do
jornalista Jairo Marques, 35, que inovou com o blog "Assim Como Você", na
Folha Online, a maneira como as deficiências física e sensorial eram
abordadas.



A linguagem pesada e o tom sombrio dados ao tema deram lugar a expressões
bem humoradas, que contagiaram os leitores (que passaram a replicá-las pela
web) e fizeram do blog um dos mais populares do Grupo Folha. Agora, o
desafio de Marques - que passa a acumular a função de colunista com a chefia
de reportagem da Agência Folha - é cativar um novo público. Com a estreia de
seu espaço quinzenal no caderno "Cotidiano", o jornalista passa a ser um dos
primeiros colunistas do mundo a falar sobre acessibilidade na grande mídia.
Marques - cadeirante desde a infância, em razão das sequelas de poliomielite
- estreia a nova coluna na próxima terça-feira (25/05), na página C-2.



A reforma geral da Folha de S.Paulo será lançada no próximo domingo (23).

*Fonte: Portal IMPRENSA*