segunda-feira, 17 de maio de 2010

CRIATIVIDADE gaúcha PARA INTEGRAR

ESTUDANTES DE CHARQUEADAS CRIAM ÓCULOS QUE FUNCIONAM COMO MOUSE PARA USO POR TETRAPLÉGICOS

Óculos com sensores, que funcionam como um mouse de computador, transformaram três amigos em celebridades em Charqueadas, na região Carbonífera. E podem

facilitar o acesso à internet de tetraplégicos, a um custo cem vezes menor do que as opções atuais.

Alexandre Sampaio, de 19 anos, Cléber Quadros e Filipe Carvalho de 18, foram recebidos com carreata na cidade depois de levar sua criação ao quadro Domingão

da Invenção, no programa do Faustão do último dia 7, e depois faturar prêmios em uma feira de engenharia em São Paulo.

Os alunos do curso de Mecatrônica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) criaram o óculos-mouse na disciplina

de Eletrônica. O projeto facilita que um tetraplégico use o computador. Na tela, o cursor do mouse se mexe conforme os movimentos de cabeça de quem usa.

Para clicar, basta piscar.

– Pensamos nos movimentos possíveis a um tetraplégico e tentamos criar esses óculos. Deu certo – vibra Filipe.

Deu trabalho. De junho a novembro do ano passado o trio mergulhou na ideia de dia, em uma sala cedida no IFSul, e à noite, com o quarto de Cléber transformado

em quartel-general. Com a solda, a furadeira e placas eletrônicas espalhadas, era um minilaboratório com área de lazer. Morador de São Jerônimo, Filipe

virou inquilino do QG.

– Ele só ia embora no fim de semana – conta Cléber.

Baratear o equipamento era o desafio. Óculos similares já existem no mercado, mas podem custar até R$ 5 mil. A invenção dos gaúchos custa R$ 50. O sensor

original, responsável por captar os movimentos de cabeça, sai por R$ 100. Uma chave de mercúrio, com a mesma utilidade, R$ 2,60.

Concluídos e testados, os óculos-mouse figuraram entre os quatro projetos do IFSul inscritos na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada

na última semana em São Paulo. Na véspera do embarque de ônibus, receberam um telefonema.

– A secretária do campus disse que era do Domingão do Faustão. Os óculos-mouse iam participar de um quadro do programa, e a gente precisava ir até o Rio

– recorda Filipe.

Na hora, riram. Só acreditaram no dia seguinte, quando receberam as passagens aéreas. No Domingão, apresentaram os óculos-mouse ao vivo por 10 minutos,

concorrendo com outros dois projetos indicados pela Febrace. Com 56% dos votos do público, os gaúchos levaram o troféu do programa.

– A gente se deitou no camarim e não parava de rir. Não parecia verdade – conta Alexandre.

Após o programa, o celular não parava – pai, mãe, avó, vizinhos, amigos queriam dar os parabéns, lembra Alexandre. Na semana seguinte, a participação na

Febrace rendeu mais prêmios: primeiro lugar nas categorias Engenharia e Criatividade, terceiro em Inovação Tecnológica, duas distinções especiais da Secretaria

dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, vaga em uma feira no Maranhão, em agosto.

Famosos, os óculos-mouse já estão em processo de registro. A ideia agora é colocá-los no mercado. O quanto antes.

guilherme.mazui@zerohora.com.br

Fonte:

Zero Hora

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