terça-feira, 11 de agosto de 2009

Médico de MG cria sensor que pode substituir o uso de bengalas

O oftalmologista Leonardo Gontijo, professor da Faculdade de Medicina da
Santa Casa de Belo Horizonte (MG), desenvolveu alguns sensores que poderão
ajudar os cegos a se locomoverem sozinhos, sem a ajuda da bengala.
O aparelho, que está sendo patenteado no Inpi (Instituto Nacional de
Propriedade Industrial) e ainda não tem um nome comercial definido, será
apresentado no Congresso Brasileiro de Oftalmologia, no final do mês de
agosto.
Segundo Gontijo, a ideia de criar os sensores surgiu depois que ele atendeu
um paciente adulto que perdeu a visão por causa das complicações do
diabetes. "Ele entrou no meu consultório escorado pelos filhos e não tinha
nenhuma afinidade com a bengala. Era totalmente inseguro para andar", diz.
Por causa dessa experiência, Gontijo decidiu desenvolver os sensores com a
ajuda de um eletrotécnico. Os aparelhos são presos em três pontos do corpo:
nos joelhos, na cintura e na altura do peito.
Quando houver objetos a pelo menos 1,5 metros de distância do deficiente, os
sensores vibram e a intensidade aumenta com a aproximação. A distância em
relação aos objetos pode ser regulada.
"Antes de usar os sensores em pacientes, fiz o teste sozinho. Vesti os
sensores, espalhei várias mesas e cadeiras num salão de festas, apaguei as
luzes e tentei caminhar. Em nenhum momento eu trombei nos objetos."
Gontijo diz que o sensor poderá ser usado por todos os deficientes visuais,
mas acredita que aqueles que ficaram cegos depois de velhos aceitarão melhor
o equipamento.
"O cego de nascença desenvolve outras habilidades e se dá muito bem com a
bengala. Já aquela pessoa que fica cega na maturidade tem mais dificuldades
para se adaptar", avalia o oftalmologista.
Por enquanto, não há aparelhos disponíveis para venda, pois o equipamento
está em fase de patente. Ainda não há estimativa de preço nem de prazo para
o lançamento.

- Preço alto - Deficiente visual desde que nasceu, Sandra Maria de Sá Brito
Maciel, 63, vice-presidente da Adeva (Associação de Deficientes Visuais e
Amigos), diz que novas tecnologias para auxiliar os cegos são importantes,
mas acha muito difícil que os sensores consigam substituir as bengalas.
"O uso da bengala como meio de locomoção para o cego é consagrado em todo o
mundo. Além disso, por R$ 50 você compra uma boa bengala e ela vai durar
muito tempo. Um sensor desse tipo requer muita tecnologia e, provavelmente,
poderá ser comprado apenas pelos cegos que têm condições financeiras",
avalia.
Sandra discorda que os cegos adquiridos têm mais dificuldades para se
adaptar ao uso da bengala. "O cego adquirido já sabe como são os ambientes e
consegue se adaptar à bengala com pouco treino."

Fonte: Folha de São Paulo

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