quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ciência desvenda sensibilidade olfativa dos cegos

Deficientes visuais prestam mais atenção aos odores do ambiente do que as pessoas em geral.
por Luciana Christante

Ao contrário do que se acredita, deficientes visuais não têm o olfato mais apurado que as pessoas que enxergam. Isso é o que mostra um estudo feito na Universidade de Montreal, no Canadá. Segundo os autores, a diferença é que os cegos prestam mais atenção aos odores presentes no ambiente do que as outras pessoas. A pesquisa avaliou a capacidade olfativa de 25 voluntários, dos quais 11 eram cegos desde o nascimento. A primeira bateria de testes foi realizada com um olfatômetro para detectar o limiar de sensibilidade olfativa, isto é, a menor concentração do odor no ar que os Participantes são capazes de reconhecer. Os resultados mostraram que não houve discrepância entre resultados obtidos nos testes com cegos e videntes.

A diferença entre os dois grupos apareceu na segunda etapa do experimento, quando os pesquisadores usaram técnicas de imageamento cerebral para identificar quais áreas do cérebro eram ativadas em resposta à exposição aos odores. Observou-se maior atividade no córtex olfatório dos deficientes, mas, paradoxalmente, também o córtex visual
destes se mostrou ativo. Para o coordenador do estudo, Maurice Ptito, os dados indicam que a área visual do cérebro dos cegos passou por uma reorganização, o que talvez favoreça a atenção que eles dedicam aos estímulos olfativos, coisa que as pessoas que enxergam, distraídas por outras sensações, não fazem.

Luciana Christante é farmacêutica e jornalista científica.

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