quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Primeiro Dia: Uma Página em Branco!

Quase noite em São Paulo, o seu coração parou de bater. Falência múltipla
dos órgãos, escreveu-se no laudo médico. Na cidade toda, no país, na América
Latina, milhares de corações experimentaram o repicar ritmado da perda,
mesclado da admiração, do carinho, do reconhecimento, da alegria, do
otimismo, da teimosia ousada e produtiva, marcas que ela foi semeando ao
longo da sua trajetória, dedicada toda à causa da cegueira.
Nascida em 1919, a cegueira alcançou-a aos dezessete anos. A jovem Dorina,
de constituição frágil, engoliu o amargo da tragédia e reinventou um lugar
onde pudesse crescer e fazer crescer a coletividade à qual agora pertencia.
Algumas décadas antes, Pedro II havia vatiscinado: "A cegueira já não é uma
desgraça". Ela sabia entretanto, quão difícil a deficiência podia ser, para
milhares de brasileiros espalhados país a fora.
Viajou. Aprendeu braille. Conheceu organizações emergentes em Inglaterra,
Estados Unidos, dinamarca...
Negociou, mobilizou,e, em 1946, criava a Fundação para o Livro do Cego no
Brasil,hoje, Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Noventa e um anos, jornadas e jornadas em defesa de educação, saúde,
trabalho, cultura. Milhões e milhões de páginas impressas, o legado de dona
Dorina à coletividade cega é hoje inestimável.
Vinte e nove de agosto. O tempo, implacável, segue sua jornada, rumo a outra
manhã. Outra manhã em que a fundação de dona dorina abrirá seus portões para
a receber, em despedidas, em preces, em homenagens.
Outra manhã, e, no livro da vida, a primeira página em branco, o primeiro
dia para se recomeçar, para se reler, para se reinventar, página a página, a
grandiosa lição que ela nos legou.

Joana Belarmino
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