quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Estudos tentam tornar telas sensíveis ao toque mais acessíveis para quem tem

Amanda Demetrio, Folha de São Paulo- 27-1-2010

O poder de comandar um dispositivo por meio de uma tela sensível ao toque
está tão presente no mundo dos fanáticos por informática que nem sempre
lembramos que essa tecnologia ainda não é acessível a todos. O Censo do IBGE
de 2000 estima que mais de 16 milhões de brasileiros tenham dificuldades em
enxergar.
Desse total, os totalmente cegos são os que mais perdem, já que não podem
localizar em qual região da tela devem clicar para que as atividades sejam
executadas. Na edição de 2009 da CES, feira de eletrônicos em Las Vegas, o
cantor Stevie Wonder reclamou: "Se vocês puderem dar alguns passos à frente,
poderão nos dar a excitação, o prazer e a liberdade de fazer parte disso".
Foi mais um incentivo para pesquisas que pensam como as superfícies podem
interagir melhor com os deficientes visuais, sem perder o encanto.
Um dos projetos é o da equipe de Chris Harrison, estudante e pesquisador da
Universidade Carnegie Mellon (EUA). O grupo tenta desenvolver uma superfície
que fique entre a rigidez dos botões físicos e a flexibilidade das telas
sensíveis.
"Os botões físicos proporcionam interações que dispensam a visão, mas isso
limita as possibilidades de uso da tela. E a tecnologia touchscreen dá
extrema flexibilidade no uso da superfície, mas não tem características
táteis", explicou Harrison, em entrevista à Folha.
Ficar no meio não é nada simples. A tela foi desenvolvida com um material
elástico e deformável. São várias camadas empilhadas com regiões deformáveis
que, segundo ele, podem ser moldadas de diversas maneiras. E tudo isso é
feito com material translúcido, o que faz com que a tela possa mostrar
diferentes imagens.
Segundo Harrison, a equipe tem conversado com algumas empresas e a
tecnologia está pronta -"ocorreram melhoras desde o último trabalho
publicado". Veja mais em *bit.ly/telasensivel* .
Já no Reino Unido, na Universidade de Glasgow, pesquisadores montaram uma
espécie de resposta vibratória para usuários do iPhone. Com o
iphone-haptics, a ideia é que o usuário sinta uma resposta ao interagir com
o telefone. Veja em *bit.ly/pesquisaglasgow*
.
O próprio iPhone, em sua versão 3GS, tenta se adaptar e traz o VoiceOver, um
leitor de telas que diz ao usuário sobre qual botão ele está colocando o
dedo. Se é ali mesmo que ele precisa clicar, é só dar um segundo toque. A
voz do iPhone é bastante robótica, mas se vira bem falando português -ela
consegue até dar certa ênfase em algumas sílabas.
Outro programa difundido para celulares é o Talks, que funciona em alguns
celulares da Nokia. "É uma ferramenta de independência, era muito ruim ter
que pedir para alguém ler as mensagens de texto pra mim", diz Leonardo
Gleison, técnico do Laratec (laboratório de tecnologia da Associação
Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual). O programa sai por cerca de
R$ 700.
Nos testes, o programa funcionou bem. Além de ler o que está na tela, ele
dá, por meio de um número, a posição do item dentro do menu. O Talks
funciona com o teclado físico do celular.

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